Professora Josefana
Há sete dias a Profª Fana está na eternidade. Nós continuamos por aqui remoendo as suas observações colocadas com a ênfase que só ela sabia dar.
Quando tomei conhecimento do falecimento de tão significativa colega, fiquei a parafusar sobre o que poderia escrever para nos levar, a nós todos, de volta a uma época de pioneirismo tão levada a sério por nós mesmos; até sério demais. As escrituras nos previnem que quem toma o lugar dos pobres sempre sofrerá perseguições… mesmo que os pobres temporariamente disso não se apercebam. Foi então que alguém escreveu que tinha visto Fana – a vetusta Fana – catando sementes de caraibeira nos arredores do Clube Paulo Afonso.
Ela não tinha nenhuma criação de animais que pudessem se alimentar daquelas sementes; coelho, cágado, algum tipo de ave. Acho que nem mesmo cachorro ou gato que ficassem na sua casa-base enquanto rodava o Brasil com o inseparável Ivus a tiracolo.
As sementes de caraibeira, encarnação das mais perfeitas de Paulo Afonso, Dona Fana (assim a chamávamos o Prof. Erasmo e eu) as jogava aos quatro ventos de um Brasil ainda não ciente de si mesmo em toda a plenitude. Imagino algumas delas brotando na beira das estradas. Outras já mocinhas. Outras tantas oferendo o que têm de melhor e de mais íntimo para nós (suas flores). Elas parecem saber que as flores são fundamentais. Sem flor, nada de fruto, nada de vida.
Dona Fana sabia disto. Nós sabemos. Sabemos e confessamos a ela, com a mão no peito com toda a firmeza, que vamos também espalhar sementes aos montes. É uma boa maneira de nos vingarmos da morte. Esta é a maneira de melhor continuarmos com Dona Fana como nossa grande e saudosa amiga.
Por Francisco Nery Júnior