Por Antônio Galdinio (folhasertaneja.com.br)
Paulo Afonso começou sua história ao som das águas, energia pura, da cachoeira que até 1725 era conhecida como Cachoeira Grande, Sumidouro ou Forquilha. Nessa data o português Paulo Viveiros Afonso tomou posse das terras onde ribombavam as quedas d´água que passaram a ter o seu nome: Paulo Afonso.
Depois foi a energia sertaneja de Delmiro Gouveia que viu nas imensas quedas a possibilidade de gerar outra energia e criou, em 1913, no meio do paredão de granito, ao lado da Cachoeira de Paulo Afonso, a primeira usina hidrelétrica do Nordeste.
Em 1948 chegou a Chesf – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco – que aproveitou a ideia de Delmiro e outra usina e depois mais outras e mais outras e espalhou imensa rede de linhas de transmissão por todo o Nordeste – mais de 18 mil quilômetros – levando a energia capturada da força do rio para beneficiar milhões de nordestinos.
No povoamento de Paulo Afonso, os homens construindo as usinas eram milhares que chegavam a toda hora. O canteiro de obras fervilhava da energia destes sertanejos, em sua grande maioria, trabalhando para produzir a energia elétrica de que precisava o Nordeste.
Nas ruas tortas do povoamento que crescia, a Vila Poti, crescia igualmente a esperança dos moradores pela independência do povoado, do distrito de Glória.
Em 1958, sob a liderança de Abel Barbosa, chega a emancipação, razão de tantas lutas, tantos sonhos. E Paulo Afonso foi vencendo as barreiras, conquistando espaços, fazendo-se grande embora humilde, “preciosa e casta” como as águas do cântico de São Francisco que deu nome ao rio da energia, razão da existência das cachoeiras, que inspiraram idéias e projetos, do nascimento da hidrelétrica, das usinas, da cidade, do município, hoje pólo de desenvolvimento regional com mais de 110 mil habitantes.
É Paulo Afonso, que nasceu da energia de homens e mulheres, desde os pioneiros que chegaram no final dos anos de 1940 aos atuais moradores, contribuindo desde então na busca de melhores condições de vida para um povo de origem sertaneja, sofrido, acabrunhado pelas secas mas aguerrido lutador, pela vida, do homem e da natureza.
Cidade que está envolta na efervescência da energia dos que buscam em Deus, fonte maior de toda a energia, em suas preces, nas mais diversas formas de credo, no acalento e no aconchego de suas reflexões tão pessoais.
Paulo Afonso da energia dos estudantes de todas as escolas e das universidades mas sobretudo das escolas públicas que vencem as dificuldades de quem mora no interior, longe dos grandes centros, quase ilhados pelas estradas mal cuidadas e ainda assim conquistam prêmios valiosos concorrendo com centenas de outros estudantes e escolas de situação geográfica e financeira privilegiadas.
Energia hidroelétrica espalhando progresso em todas as direções.
Energia da ilha cidade, verdadeiro oásis sertanejo, cercada pelas águas das grandes barragens formadas no Velho Chico que, em território pauloafonsino, se espalha por quilômetros de uma margem a outra ou afunila num cânion de 200 a 300 metros de largura, numa profundidade de quase 200 metros e extensão de 60 quilômetros, que assusto os mais desavisados.
Ah! Minha Paulo Afonso, jardim permanente, da energia da natureza que banha de ouro o asfalto das ruas com as flores das caraibeiras em outubro e embeleza as praças, ruas e avenidas com o colorido dos flamboyants em dezembro.
Paulo Afonso da energia do povo hospitaleiro e festivo. Dos grandes encontros religiosos às multidões das festas populares. E da energia dos atletas que arrebatam troféus no futsal da Bahia.
Paulo Afonso é vida intensa, pura energia sertaneja, desde os seus primórdios, dos seus tempos de Arraial, pedaço do Curral dos Bois.
Foi a energia dos seus pioneiros, os reais construtores da Chesf e da Vila Poti, que fez surgir, no meio perdido da caatinga, a maior empresa hidrelétrica do Nordeste, uma das maiores do Brasil e uma cidade que se destaca no cenário nacional como uma das mais belas do Brasil: Paulo Afonso, oásis sertanejo.