É repetitivo, mas ainda se ouve falar que Paulo Afonso tem vocação para turismo. É inegável. É de se esperar, no entanto, que qualquer cidade, turística ou não, tenha 20% de seus serviços de bares e restaurantes condizentes com uma imagem de atendimento civilizada. Pois é, este nosso município sequer pode se orgulhar dessa tímida porcentagem.
Este é um lugar potencialmente capaz de gerar renda, respeito e deleite por seus serviços e beleza. No entanto, nossa cidade tão hospitaleira e, muitas vezes, permissiva em excesso, segue a contramão do que se propaga como bom atendimento em qualquer lugar onde o bom trato não é um luxo, é uma condição básica.
Em Paulo Afonso, como todos podem perceber, já que nenhuma das partes da cidade está livre disso, o sujeito, ao se deslocar para um estabelecimento que serve almoço, bebidas, etc., tem que adquirir a "cretina noção" de que não o bar ou o restaurante, mas ele (o cliente) que está prestando um serviço. Para quem quiser ver, os proprietários agem como se o espaço onde decidiram instalar seus negócios fosse de extrema necessidade. Portanto, nada mais razoável que as pessoas deem o "devido" valor a esses magníficos empreendedores da cidade.
Seguindo este limitado, para não dizer estouvado raciocínio, é muito adequado ser o típico cliente pauloafonsino. É assim: deve-se gesticular desesperadamente para ser notado (e ser obrigado, em alguns casos, a praticar o autoatendimento). A explicação mais comum e leviana é esta: há poucos garçons, os clientes devem compreender a situação.
Não estou dizendo (antes que alguém se precipite e me chame de injusto) que temos de destratar os garçons e deixar de compreender as péssimas condições de trabalho a que, às vezes, eles são sujeitos. Muito pelo contrário. Entretanto, quem abre um negócio desse tipo deve ter o mínimo de previsão da necessidade de aumentar o número de garçons. É certo que alguns proprietários argumentarão que não é tão simples assim.
Está bem, pode até não ser, mas este não é um problema do cliente, que quer ser bem atendido. É óbvio, mas não parece: pagamos pelo serviço para que ele seja prestado, não para entendermos as razões do dono, como se pensa nesta cidade. Acho muito precipitado imaginar uma rede turística sem pensar numa nova relação de tratamento entre cliente e prestador de serviço. Na maior parte dos casos, digo porque vejo, os garçons mal são orientados a receber os clientes.
Não estou falando de treinamento ainda, que também é imprescindível. Falo do mais simples: sorrir, cumprimentar, desejar um bom dia. Os garçons ficam estáticos, às vezes olhando para nós como se fôssemos os responsáveis pelo primeiro contato. Não esquecer que isto é o elementar, e fruto da visão do dono, muitas vezes.
Não sugiro que vocês parem de frequentar os estabelecimentos da cidade. Cada indivíduo suporta o que bem entende. Sem falar que a maioria dos moradores de Paulo Afonso se acostumou com esses desserviços. Já se aproxima a data de uma festa com grande repercussão no nosso município, a Copa de Vela. Os que passarem por aqui, como sempre, terão o que falar, mas posso garantir: pouquíssimos dos comentários vão atestar a qualidade dos serviços aos quais me refiro.
Entretanto, é assim porque os clientes permitem. Eu, felizmente, não quero nem vou me acostumar com o que é ruim e primário.
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