29 de julho de 2025

Ninguém aguenta mais (Gecildo Queiroz)

Por

Redação (pa4.com.br)

Por Gecildo Queiroz, cronista e cidadão pauloafonsino

A maioria de nós já ouviu falar de um milagre descrito na Bíblia, conhecido como A MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES. Um milagre que seria bem-vindo hoje, considerando o preço desse alimento básico. O foco aqui, porém, é outro. Toda pessoa que circula pelas ruas de Paulo Afonso conhece e convive com outro fenômeno: A MULTIPLICAÇÃO DOS CÃES.

A primeira multiplicação, dos PÃES, narra uma passagem bíblica em que Jesus alimentou uma multidão faminta. A segunda, dos CÃES, também famintos, veio como uma praga que parece não ter fim. Ninguém aguenta mais. Já chega.

Antes que alguém culpe os “irracionais”, esclareço: não foram os cães que planejaram isso. Não há uma seita canina, conspiratória, infernizando os cristãos, não-cristãos e ateus pauloafonsinos, mesmo sendo, a palavra CÃO, no Nordeste, sinônimo de diabo.

Nesta madrugada, fui acordado novamente pela zoadeira dos bichos. No geral, o pandemônio acontece, acordo aborrecido e volto a dormir. Hoje foi impossível. Do alto da janela do terceiro andar, observei o que pareceu uma micareta, uma multidão de foliões atrás do trio.  Na verdade, era uma “cachorreta”, um grupo enfileirado de cachorros atrás de uma cadela no cio.

Eu contei a matilha. Eram 26 machos seguindo o cheiro da fêmea. Os outros cães, de residência fixa, assistindo do portão de suas casas, não são indiferentes à procissão dos seus semelhantes, vulgo vira-latas. Diante da ameaça, os cães privilegiados tentam demarcar seu território com mais latidos, que explodem de tempos em tempos, aumentando a algazarra canina, acordando todo mundo.

Não há um centímetro de calçada neste município que não tenha sido tocado pelas patas do cortejo canino. É um milagre alguém não ter ensandecido, depois de mais uma noite mal dormida, e sair caçando a torto e a direito pelas ruas de Paulo Afonso. Cães são afastados a pontapés, pedradas, pauladas; às vezes, até envenenados. É um risco crescente. Alguns deles sofrem, em carne viva, depois de ter recebido um jato de água quente no lombo. Algum cão, temendo mais um ataque, pode atacar primeiro. E se for uma criança o alvo?

Os humanos podem correr ou reagir. Reagindo, podem ser mordidos e penalizados, e alegar legitima defesa. Suponho que a situação é passível de processo contra a gestão pública por negligência, me perdoem os advogados se escrevo tolices.

Desde antes da pandemia é notada a reprodução sem controle desses animais. A administração municipal tem olhos, portanto, também notou. A infestação do coronavírus exigiu, nos 2 últimos anos, mais atenção das autoridades. A Covid causou e causa mais danos que a multiplicação de vira-latas, concordo. Adiou-se a solução, mas o problema não parou de crescer e latir. Agora já não cabe mais adiamento. Ficou insustentável.

Os cães ladram enquanto a caravana passa. Este provérbio árabe, originalmente, tem o seguinte significado: quem realmente faz o que precisa ser feito, deve ignorar quem só critica. Aqui, porém, cabe outro sentido. Nada foi feito e as críticas são pertinentes. A caravana (o poder público) que deve fazer o que é preciso, não fez. Os cães continuam ladrando (e se multiplicando). A paciência de quem lida com a cachorrada todo dia é que não se multiplica mais.

Em debate promovido pela câmara, o assunto foi colocado em pauta. Foram feitos cálculos de gastos e planos de contenção. Decidiu-se pela castração das fêmeas. Castrar os animais só impede que mais ninhadas venham ao mundo. E os cães que já existem? As pulgas, satisfeitas com o banquete, gargalham. Até agora só elas são felizes. Claro, não há nada fácil na tarefa de resolver esse problema. Contudo, qual o incêndio que para de arder se for ignorado? Há alguma ação em curso? Eu não vi. Se vocês viram, me avisem, para eu me retratar.

Os “responsáveis” (que deveriam botar a mão na massa) pelo visto estão evitando carrapato para se coçar. Afinal, daqui a dois meses tem algo mais importante. A multiplicação de cães, portanto, já perdeu o foco; a bola da vez é a sempre bem-vinda MULTIPLICAÇÃO DE VOTOS.

(Gecildo Queiroz, cronista e cidadão pauloafonsino)

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COMENTÁRIOS

Comentários 1

  1. José L. says:

    Muito bem Gecildo. Isso tem que ser resolvido o mais rápido possível.
    Certa vez caminhando pelas ruas da cidade fui atacado por vários cães. Dois deles me morderam, o que me obrigou a iniciar o esquema de profilaxia (vacinas) contra o vírus da raiva. DETALHE: contrair esse vírus é assinar a própria sentença de morte, CUIDADO!!!
    A inércia da prefeitura vai levar as pessoas a “remediarem” a situação de uma maneira não muito cristã.

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