A história e a memória dos pioneiros de Paulo Afonso estão morrendo a cada dia, mas ninguém parece se dar conta da importância disso.
Os que falam em dias melhores no futuro têm esquecido, ou isso não lhes foi ensinado nas universidades, que não se pode planejar o futuro sem ter um olhar no passado.
E o passado de Paulo Afonso tem pouca memória registrada.
A Chesf iniciou um projeto chamado Chá da Memória e não deu a ele a continuidade anunciada na época.
Poucas ações de alguns abnegados, num verdadeiro esforço pessoal resultaram em algumas publicações onde pioneiros e instituições são destacados para que as novas gerações conheçam um pouco destas raízes pauloafonsinas.
Foi o que fez Luiz Fernando Motta Nascimento que escreveu o livro Paulo Afonso, Luz e Força Movendo o Nordeste. Euclides Batista escreveu Paulo Afonso, nós fizemos essa história. Turpim Nóbrega registrou fatos pitorescos em relação à música e aos músicos com quem conviveu durante décadas e, estimulado pela Galcom Comunicações e apoiado pela família publicou A Música e Eu.
Escrevi, em parceria com Sávio Mascarenhas, o livro Paulo Afonso – de pouso de boiadas a redenção do Nordeste, ainda em 1995. É a história dos poderes Executivo e Legislativo deste município que mereceu indicação de livro paradidático do Ciepa, hoje Cetepi e, 18 anos depois, ainda grita por um patrocínio da segunda edição revista e atualizada.
Um projeto chamado Paulo Afonso – histórias e memórias de pioneiros, de minha autoria, que busca resgatar a memória de gente como Otaviano Leandro de Morais, Abel Barbosa, Adauto Pereira e outros prefeitos pioneiros de Paulo Afonso e outros pioneiros como D. Neide, diretora do Colepa, D. Etelinda, Enoch Pimentel Tourino e muitos outros que fizeram a história da educação no município, vereadores como Diogo Andrade, Manoel Pereira Neto e tantos outros e instituições como o Ginásio e Colégio Paulo Afonso, dentre outras e empresas como a própria Chesf. Tem sido vã, até agora, essa luta. Tenho encontrado outras prioridades e outros interesses imediatos nas portas aonde bato. Não tem havido eco ao nosso grito.
E muitos daqueles que viveram a emoção de mudar a história do Nordeste e ajudaram a transformar a Forquilha, a Vila Poti no município de Paulo Afonso, hoje com mais de 110 mil habitantes e até reconhecido pelo Ministério do Turismo como um dos 115 destinos turísticos do Brasil, já partiram e levaram consigo todo esse baú de memórias.
Só em janeiro de 2013 três desses pioneiros de Paulo Afonso nos deixaram. Turpim Nóbrega (82 anos), que teve a música no sangue em sua caminhada, Valdemar Júlio(79 anos), presbítero emérito da1ª Igreja Presbiteriana de Paulo Afonso, construtor de igrejas, que mereceu um espaço, ainda pequeno para a sua grandeza, no livro que publiquei em Agosto de 2011 sobre a história desta Igreja pioneira de Paulo Afonso e agora, Horácio Campelo (86 anos), um homem de muitas artes, cuja história mereceu páginas do livro de Luiz Fernando Motta (págs. 319 a 324) e uma página do jornal Folha Sertaneja, Nº 50, de 29/04/2008.
Com um esforço enorme e a persistência de uns poucos, entre os quais me incluo, e a tenacidade e determinação da Administradora da Chesf Diana Suassuna, construiu-se o Memorial Chesf que precisa de uma repaginação ignorada pela hidrelétrica.
O município de Paulo Afonso chega aos 55 anos sem um espaço onde se poderia contar a sua história, dos seus pioneiros, através de imagens e paisagens históricas associando-se o passado histórico à tecnologia futurista.
Enquanto pouco se valoriza estas raízes, a história e a memória estão morrendo…