Um artigo cai pronto na nossa mente. Seria como a escultura que já está pronta dentro do bloco. O artista só vai retirando o cascalho, a sujeira, os inconvenientes. Estive conversando com a prefeita Ena Vilma de Glória, a nossa Nova Glória. Está bonita a prefeita e a cidade (para os vestibulandos e os concursandos, o verbo anteposto pode vir no singular). Com o balneário (que é uma delícia para todos nós da região), a cidade está mais bonita, embora sem as árvores complementares. Com alguns retoques, a senhora prefeita – e com licença do senhor deputado – parece ter rejuvenescido. O Prof. Arleno, na festa dos seus sessenta anos, me apresentou uma senhora que me pareceu uma burocrata do IFBA. Fiquei enriquecido com uma nova amiga e agradecido pela honra. Era a prefeita Ena Vilma!
Caí em mim e corri para corrigir a distração. Também, disse, a senhora está rejuvenescendo! Um seu assessor presente logo concordou. Dentre pontos de vista e opiniões apresentadas, a prefeita levantou a hipótese da criação de zonas azuis de estacionamento em Paulo Afonso. Achei salutar ver a prefeita de uma cidade vizinha opinar sobre algo relevante para outra cidade perto da sua, embora não concorde exatamente com o estabelecimento de zonas azuis para propiciar mais vagas de estacionamento no centro. Ela me fez lembrar os condados americanos que são uma instância acima da cidade com o objetivo de gerir atividades e interesses comuns a um grupo de cidades, com economia de recursos e tempo e sem a sobreposição de tarefas comuns. Com todo o respeito a alguém que está num ponto de observação muito melhor do que o meu e que dispõe de assessoria e dados em maior quantidade, aprecio o ar provinciano que ainda temos: todos se conhecem, muitos são parentes, a feira do fim de semana é uma festa, a gente se cumprimenta nas ruas, os mais velhos se sentam na porta de casa, os aposentados jogam dominó. Estabelecer zonas azuis no centro não seria o começo de uma regulamentação de tudo como vemos nos países chamados adiantados onde as pessoas parecem ter medo umas das outras a as atividades mais simples viram um verdadeiro inferno?
Vamos convir que somos um pouquinho comodistas. Ainda podemos estacionar perto do coreto e nas imediações da Rua São Francisco. Andamos um pouquinho e o coração agradece. Concordo que a urbanização do centro poderia ter contemplado áreas maiores para estacionamento. O número das "barracas" no eixo central da Getúlio Vargas poderia ser menor bem como o calçadão deveria ser via de escoamento avenida cima. A área em frente ao San Marino deveria ser estacionamento, e assim sucessivamente.
Estava na barbearia de Ribeiro. Apareceu um soteropolitano de Salvador. Naturalmente que isto é um pleonasmo (novamente para os que estudam e amam a nossa língua). Sotero vem do grego e significa salvador, poli significa cidade (daí vem político, que é um habitante da cidade) e tano particípio [passado] do verbo nascer lá do grego também. O cliente de Ribeiro – como eu – nasceu e se criou em Salvador. Está há oito anos em Paulo Afonso sem querer voltar; por aquelas razões expostas acima, pela falta de longas filas e engarrafamentos, pela relativa tranquilidade de vida que temos por aqui.
Vamos encerrar voltando aos políticos. O estudante sabe que a palavra sofreu alteração no seu semantema. O sentido semântico de político passou a ser aquele que milita na cidade representando as pessoas. Em tese, seria aquele que deveria estar em observação e debate constante para resolver os problemas e contribuir para o desenvolvimento da cidade como parte da federação. Se os políticos de Paulo Afonso tivessem debatido mais os nossos problemas, certamente teríamos agora uma cidade melhor. Provavelmente não estaríamos a debater a criação de zonas azuis.