26 de julho de 2025

José Tenório dos Santos: ‘Dom Mário no CPA’

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Conheci Dom Mário frequentando a casa de meus avós. Tempos depois, testemunhei a intervenção dele na luta pelos direitos das famílias atingidas pela barragem de Itaparica. Talvez graças a sua capacidade de apaziguar, a luta pelo reassentamento não tenha terminado em tragédia. Quando a “coisa esquentava” com polícia, exército. Era a quem os trabalhadores apelavam. Apesar da boa intenção da comunidade, acredito que Dom Mário não estaria à vontade durante a homenagem no CPA. Porque pessoas como ele que agem por solidariedade, por amor não gostam de culto a personalidade, ”Nenhuma pessoa, nenhum grupo pode ser humano sozinho” (Chinua Achebe). Por certo estaria apontando para algumas pessoas presentes, que usavam camisas com uma frase sua. ”A melhor maneira de ensinar é praticando o que pregamos”.

Assim podemos concluir que a melhor homenagem que podemos fazer a Dom Mário é praticar seus ensinamentos. Ele nos deixou muitas obras mas, nenhuma concluída. Lutou contra a violência e a violência continua, as crianças da Casa da Criança e Casa de São Vicente continuam precisando de ajuda. Por incrível que pareça, o reassentamento de Itaparica ainda não está concluído. Dom Mário não agia sozinho, é preciso considerar e continuar apoiando as pessoas que lutaram e tentam dar continuidade as obras de Dom Mário. Vimos que não se pode desassociar a tríade Dom Mário, Lourenço e Alcides. A prática os uniu e graças aos três, Paulo Afonso esteja compreendendo melhor a Igreja que o Papa Francisco deseja e o padre Celso vive. Não se pode reverenciar Dom Mário sem dar as mãos a quem se faz presença nas comunidades.

Dom Mário era ação, e é por isto que não se pode contar a história de Paulo Afonso sem falar em Dom Mário, ou vice versa. Nossa sociedade é perversa e quem nunca se sentiu excluído não tem a dimensão de um abraço de um gesto amigo. Ser solidário é manter Dom Mário vivo. Lembrar do dia da sua morte é não esquecer a fragilidade do serviço de saúde em Paulo Afonso, haja vista, que provavelmente se tivéssemos uma UTI ele estaria conosco e sem homenagem, já que só costumamos homenagear os mortos.

José Tenório dos Santos

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