Quem sonha com uma vaga de servidor do Executivo federal terá menos oportunidades em 2015 do que teve este ano. De acordo com a proposta de orçamento do governo federal, entregue ao Congresso Nacional na última quinta-feira (28), podem ser contratados, no próximo ano, até 24.867 servidores para cargos no Poder Executivo, que devem ocupar vagas que já existem ou substituir funcionários terceirizados.
O estudante Deivson Andrade sonha com uma vaga no setor público
(Foto: Arquivo Pessoal)
Os Poderes Legislativo e Judiciário ainda não informaram concursos previstos para 2015. A margem de contratação para o próximo ano é menor que a deste ano, que foi de 47 mil servidores, segundo a previsão da proposta de orçamento de 2014, divulgada no segundo semestre do ano passado. Esse número subiu para 50,4 mil servidores, já que houve a republicação do saldo de vagas de 2013.
De acordo com o Ministério do Planejamento, o principal motivo da redução de projeção do número de vagas é o planejamento da força de trabalho para o ensino superior, que foi executado ao longo dos últimos anos e está sendo concluído.
O órgão afirmou, em nota para o CORREIO, que também houve influência em relação ao quantitativo de vagas autorizadas visando a expansão das agências de atendimento do INSS no país, que demandaram um incremento maior de cargos a serem preenchidos por concursos públicos.
Para o diretor acadêmico da IOB Concursos, Leonardo Pereira, a projeção não deve ser considerada como prejudicial. “É preciso levar em consideração que esta redução não afeta os municípios e nem estados, visto que a área executiva federal é apenas uma esfera do poder público, que também envolve a área judiciária e legislativa.
No ano que vem teremos uma nova gestão. É natural que a atual faça uma previsão mais conservadora”. O treinador e especialista em Métodos e Técnicas de Estudo para Concursos Públicos Charles Peterson, apesar de concordar com Pereira, considera que a dificuldade de aprovação deve ser maior e aconselha que os concurseiros tenham “mais foco”.
“Isso vai impor para as pessoas que elas façam escolhas . Se elas querem crescer, aprimorar-se em suas áreas e ser realmente boas, devem tomar decisões a partir de um levantamento de dados concretos", diz, para complementar: “A escolha do cargo deve envolver uma área que você queira e tenha prazer de estudar para que não haja desistência, como acontece com muitos. Tornar o estudo para concurso um projeto de vida é essencial”.
Ele conclui afirmando que quanto maior a quantidade de vagas, maior a procura. Com menos vagas, muitos vão desistir. “Quem se mantiver estudando terá mais chances”.
Estudo
Um dos que não pensam em desistir é o estudante de Jornalismo da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Deivson Andrade, de 28 anos, que tenta uma vaga no setor público desde que está no ensino médio. A notícia, no entanto, é um balde de água fria no estudante, que está prestes a terminar a graduação e poderá concorrer a vagas do ensino médio e superior.
“A expectativa de fazer concurso é pela estabilidade. A questão financeira também me atrai, claro. Uma decisão como essa (diminuição das vagas) vai de encontro às minhas expectativas. E acontece logo perto de minha formatura”, lamenta o estudante.
O ritmo dos estudos, que não param nem no final de semana, irá ser mantido pelo concurseiro. “Estudo cinco horas diárias. Aos finais de semana, o tempo é um pouco menor. Tem que ser assim para conseguir a aprovação”.
Iane Travessa, 25 anos, estuda Fisioterapia há dois anos. Em 2014 já fez cinco concursos públicos. Ela diz ter um “plano B” em caso de maiores dificuldades por conta da menor oferta de vagas com estabilidade. “Eu faço algumas correções em trabalhos acadêmicos. Aí, com esse dinheiro, eu pretendo montar meu próprio negócio”, revela.
