10 de setembro de 2025

Ex-diretor diz que corrupção como na Petrobras acontece “no país inteiro”

Por

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, apontado pelas autoridades como um dos cabeças do esquema de desvios na estatal, afirmou nesta terça-feira que as mesmas irregularidades encontradas na petroleira se reproduzem em outros setores que recebem investimentos massivos do governo federal e disse que citou “algumas dezenas” de políticos na delação à Justiça.

“O que acontecia na Petrobras acontece no país inteiro: nas rodovias, nas ferrovias, nos portos, nos aeroportos, nas hidrelétricas! É só pesquisar!” Costa deu a declaração numa sessão pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) aberta por deputados e senadores para investigar a corrupção na estatal. Perante os congressistas, ele afirmou ainda ter citado “algumas dezenas” de políticos nos depoimentos que prestou à Justiça Federal, ao Ministério Público e à Polícia Federal no âmbito de seu acordo de cooperação. Ele não quis revelar os nomes.

 

Paulo Roberto Costa em acareação (Foto: Laycer Tomaz/Câmara dos Deputados)

Nas últimas semanas, os depoimentos de Costa e de outros envolvidos com irregularidades que já admitiram culpa e aceitaram colaborar com as autoridades – como o doleiro Alberto Youssef – ganharam repercussão porque permitiram a prisão de executivos de algumas das maiores empreiteiras do país. A relação dessas empresas com o governo não termina na Petrobras. Elas têm contratos em vários setores ligados à infraestrutura do País. Segundo os delatores, as empreiteiras aceitaram pagar propinas para obter contratos com a estatal do petróleo.

Nomes de pessoas, de empresas e valores não foram, contudo, apresentados por Paulo Roberto à CPI. Ele se limitou a dizer que já deu todos esses detalhes sobre o funcionamento do esquema em sua delação, em “80 depoimentos”. “Nos meus 80 depoimentos que eu fiz, para a Polícia Federal e para o Ministério Público, 80 depoimentos – isso foram mais de duas semanas de delação -, o que está lá eu confirmo. Não tenho nada para não ter de prova, de não confirmar.”

“Tinha um porcentual desses contratos da área de Abastecimento, dos 3%, 2% eram para atender ao PT”, afirma ele em um dos trechos. À CPI, o ex-diretor disse que tem como provar as acusações que fez em sua delação. Segundo ele, ao longo dos depoimentos, as autoridades pediram que fossem apresentados elementos para comprovar as alegações. “Eu indagaria se, na delação premiada, conforme ele fazia as denúncias, era instado a apresentar os indícios de prova”, questionou o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP). “Foi solicitado, tanto pelo Ministério Público quanto pela Polícia Federal, que eu tivesse um próximo passo, que era a apresentação de fatos. Vários fatos foram apresentados e, em alguns fatos que não foram apresentados, eu coloquei quem poderia apresentar esses fatos”, respondeu Costa.

As declarações de Paulo Roberto Costa foram potencializadas por uma desarticulação da base aliada durante a sessão da CPI, que foi destinada a uma acareação entre Paulo Roberto Costa e o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, a quem Costa acusa de também ter sido favorecido pelas irregularidades. Os principais líderes do PT na Câmara e do Senado não estiveram presentes à reunião na maior parte do depoimento. Integrantes do aliado PMDB – outro partido que está na mira das acusações de Costa – tampouco acompanharam a sessão.

A defesa do governo Dilma Rousseff ficou por conta quase que exclusivamente do deputado Sibá Machado (PT-AC). O petista tentou impedir os oposicionistas de fazerem perguntas a Costa e Cerveró para além do propósito de acareação – que seria fazer um contradizer as acusações do outro e não revelar detalhes do esquema. O presidente em exercício da CPI, senador Gim Argello (PTB-DF), rejeitou as alegações de Sibá e disse que os parlamentares poderiam realizar os questionamentos que bem entendessem.

WhatsApp

Conteúdo 100% exclusivo e em primeira mão, que você só vê no PA4!

VEJA MAIS

COMENTÁRIOS

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

WhatsApp

Conteúdo 100% exclusivo e em primeira mão, que você só vê no PA4!

WhatsApp

Conteúdo 100% exclusivo e em primeira mão, que você só vê no PA4!