Para início de conversa, o assassinato de alguém, do próximo ou semelhante poderia ser classificado como um dos atos mais ignóbeis, mais brutais, mais sem nexo que alguém poderia praticar. Que é isso de matar alguém? Quem mata simplesmente se arvora, coloca sobre si, o direito de resolver alguma situação – com a morte. Quem assim procede se esquece, com a sua sede de vingança e de maldade, que, ao matar o outro, cria muito mais problemas do que resolve. Se esquece, além de tudo – na realidade, faz questão de se esquecer –, que quem com ferro fere com ferro será ferido.
Mataram um jovem policial radialista de 35 anos. Cortaram uma vida de alguém que lutou e venceu. Venceu na comunicação e venceu na tarefa sacerdotal de nos defender. O pior de tudo é que foi abatido com um tiro pelas costas. Não teve a oportunidade nem o direito de se defender. Esvaiu-se em sangue pela decisão insana de alguém que certamente não possui um cérebro para considerar o que agora consideramos em uma simples crônica de um jornal informático.
A mesma mídia que publicou o incompreensível assassinato agora nos faz saber que a repercussão [negativa] foi enorme em toda a Bahia. Paulo Afonso retrocede ao bangue-bangue cruel. Já tinha retornado ao bangue-bangue famoso de quarenta anos atrás. Voltou ao bangue-bangue cruel, desprovido de qualquer sentimento humano. A morte violenta voltou a ser banal na nossa região.
As autoridades locais debatem soluções que possam aplacar a atual onda de violência. Sem os valores seculares da espiritualidade, da escola e da família, poderão fazer muita coisa? A filha de uma vizinha caminhava tranquilamente pela Praça das Mangueiras. Dois jovens desceram bruscamente de uma motocicleta e arrancaram, sem dó nem piedade, a bolsa da jovem franzina. Apostamos na hipótese que os dois transgressores da lei não são filhos de pais desamparados. Não cremos que são daqueles que passaram fome na infância. Muito provavelmente são simplesmente amantes da violência e da vida fácil.
O jovem amigo nosso perdeu o que tinha de melhor que é a vida. No lugar dele, poderia ter estado um filho dos nossos. Saímos à rua com a sensação que estamos em uma verdadeira roleta-russa. A qualquer momento, alguém poderá estar a escrever sobre nós.
Francisco Nery Júnior