O Baião é um gênero musical, mas também o encontro que mais deu certo no Brasil: o branco e o preto. Eis que feijão com arroz fazem uma grande parceria, cantados a verso e prosa, na literatura e na música: “/Não se avexe não baião de dois/ deixe de manha/ deixe de manha…” diria Caetano Veloso, e quando este é servido numa Câmara Municipal, no momento em que pré-candidatos à prefeito esbarram um no outro, tem-se a medida certa de quem fará má digestão se comer demais e até se comer de menos.
Eis o ponto principal da política em Glória, o apetite exagerado de um aliado pode botar tudo a perder. É visível a ansiedade do pré-candidato Carlinhos do Brejo (PP) e, nesse sentido, não há nenhuma possibilidade de Carlinhos não disputar o governo de Glória, daí a lógica nos obriga a falar: se ele vai, será contra o candidato do governo, mas também da oposição. Dizer que há união quando só existe uma batata no saco para todos matarem a fome é piada sem graça.
A oposição não consegue formar um grupo que pense em tomar o poder, o problema é que todos querem, e, assim, como se pode imaginar fica difícil confiar. Por seu turno, a prefeita Ena Vilma (PP) não abre mão de indicar nomes que, a bem da verdade, não desce bem no PSD, partido que hoje é a coluna de apoio do seu governo. Então formou-se o cenário para tudo quanto é tipo de articulação e alianças.
A expectativa de Gilmar Pereira (PP) líder do governo é que a reforma política seja aprovada e estique o prazo das próximas eleições para 2018. “Seria sopa no mel e acabaria com essa encrenca”. Até o momento, dentro do governo, se sabe que o PSD não abre mão de uma vaga na chapa majoritária, tanto Nido de Dotor como José Nilson já bateram o pé, o que se ouviu do governo é que ainda é cedo.
Vereadores do PSD – José Nilson e Nido de Dotor
A prefeita de fato tem a prioridade de concluir o volume histórico de 38 obras da sua administração, a maioria de infraestrutura. Mas para quem vive de política, melhor ainda que o Baião é sonhar com o poder.