
“Falar da Ronda Maria da Penha, significa falar de um momento de liberdade para mim. É muito difícil… Uma mulher que já tenha passado por agressão física, sexual ou patrimonial, violências que se juntam em uma só, é complicado, mas a Ronda foi muito importante, me deu a tranquilidade de ir e vir sem olhar para trás, sem ter medo”, diz Missileide Santos, uma das primeiras vítimas atendidas pela Ronda Maria da Penha em Paulo Afonso.
Coordenado pela Polícia Militar em parceria com a Polícia Civil, através da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher [Deam], e da prefeitura de Paulo Afonso, o programa Ronda Maria da Penha acompanha vítimas de violência doméstica ou familiar quando estas têm medida protetiva, prevista na Lei Maria da Penha, que obriga o agressor a se afastar da vítima sob pena de prisão que pode ser de 3 meses a 2 anos.

“Nós somos o Quarteto Fantástico’, brinca o tenente-coronel Carlos Humberto, referindo-se às delegadas Mirela Santana (Regional), Antônia Jane (Municipal) e Juliana Fontes (Deam).
“Eu quero que vocês conheçam todo efetivo do programa Ronda Maria da Penha, essas pessoas que trabalham incansavelmente para levar paz e tranquilidade às famílias pauloafonsinas; que vejam o trabalho que é desenvolvido no CRM pelas vítimas que já merece uma exposição, então nós somos muitas mãos unidas para acabar com esse sempre crescente número de violência contra a mulher”, disse Carlos Humberto, coordenador do Ronda Maria da Penha.

Não há o que comemorar ainda
Semana passada (02/05) Juliana Fontes prendeu no povoado Bogó, área rural de Paulo Afonso, um senhor de 81 anos, acusado de abusar sexualmente cinco vítimas, o crime teria acontecido há 10 anos. No meio da semana um homem foi preso no centro de Paulo Afonso acusado de abuso sexual e de morder a ex-companheira, “ela chegou à Deam toda machucada”, lamenta a delegada.
A polícia, contudo, analisa positivamente o número de registros crescentes. “Significa que as vítimas estão acreditando no nosso trabalho e se sentindo mais protegidas.”

Para além da violência, é preciso não perder de vista a situação social de boa parte dessas mulheres.
“Às vezes nós somos chamados para averiguar uma possível agressão e chegamos à casa das vítimas e elas não têm o que comer, vivem em situação de muita pobreza, então nós doamos uma cesta básica”, conta um policial. Infelizmente somam-se as tragédias: a droga que tem vitimado muitas mulheres, a vulnerabilidade social e à violência doméstica.

Nós próximos dias as polícias Militar e Civil lançarão uma campanha: ‘Chega de Violência Contra a Mulher!’, com a parceria da prefeitura de Paulo Afonso, cujo foco são os lugares onde há mais registros desse tipo de agressão.
A campanha vai envolver a rede pública de ensino, a Secretaria de Desenvolvimento Social, as igrejas, e a comunidade com objetivo de educar, esclarecer, ajudar e acolher, para mais mulheres, assim como a Missileide possam sentir-se livres, para ir e vir.
Ela sofreu violência por 17 longos anos. E sobreviveu para contar a história, até hoje recebe a viatura da Ronda Maria da Penha. Ela e mais 80 mulheres.
Veja o depoimento na íntegra de Missileide:
Comemora o que seus delegas e seu cachorao dois homicidios no final de semana.