Secretário de educação nega que haja excesso de pessoal, mas reconhece dificuldades financeiras

PAULO AFONSO – Observando a gestão da educação nos municípios da décima região afora, as evidências nos obrigam a reconhecer que Paulo Afonso é um ponto fora da curva. E positivo. Em muitos anos o governo federal anuncia o novo piso salarial do professor que, progressivamente tenta corrigir distorções históricas e valorizar o profissional, e aqui – em que pese sair fracionado em algumas oportunidades como agora – o município cumpre.

Educação e saúde concorrem ano a ano com o maior orçamento do município, e ainda é pouco. “Eu precisei brigar muito para sair dos 25% e consegui ficar em 27%”, reconhece Prof. Silva, secretário de educação na entrevista exclusiva ao PA4. O orçamento ultrapassa pouco mais de 70 milhões.

Silva é enfático em dizer que se gasta muito, mas bem, e que ainda precisa socorrer o Estado, “eu tenho a coragem de dizer que em 2016 pagamos R$ 2 milhões para os alunos andarem nos ônibus que são de responsabilidade do Estado e que o repasse foi de apenas  R$ 200 mil.”

O secretário também reconhece os problemas causados pela gestão, como, por exemplo, a demora nas licitações, que atrasam o processo de contratação das empresas e, consequentemente, dos serviços de transporte, bem como a fragilidade financeira das mesmas. Com efeito, o aluno é quem passa aperto.

A secretaria de educação e as denúncias

A Secretaria de Educação vem sendo alvo de muitas especulações tanto do fogo amigo, para não dizer de pessoas do governo, que volta e meia tiram o próprio Silva da pasta lhe dando substitutos, como  da oposição,  que solta no ar duas acusações: excesso de pessoal e dificuldades financeiras.

Na sessão ordinária da Câmara Municipal da última segunda (25), o vereador Mário Galinho (SD), disse sem reserva, mas também sem detalhes que sustentassem sua denúncia, que a secretaria de Educação estava ‘quebrada’, em outra oportunidade, o colega oposicionista Jean Roubert (PTB), chamou atenção para o tanto de gente empregada na Educação que, segundo afirmou, não teria como ser mantida.

Na entrevista, Prof. Silva respondeu a essas e outras questões. Acompanhe na íntegra:

O aumento do piso salarial de 6,81% fracionado

“Eu quero lembrar que desde o primeiro governo de Anilton, há oito anos, que o aumento é dado integralmente como propõe o governo federal e como  a maioria dos governos municipais não cumprem. Ano passado Luiz fez algo excepcional, pois além de dar o aumento de mais de 7%, em janeiro deu um aumento de 5% que foi a mudança de classe. Em maio fechou em quase 13%.

Foi insinuado que a Secretaria estaria com sérias dificuldades financeiras?

Estamos com dificuldades não por má gestão dos recursos, mas porque já comemos os 60% e estamos entrando nos 40%. Veja bem, para fazer esse pagamento dos 6,81%  negociamos com a APLB para pagar 3,81 % em junho e 3% em agosto, a diferença que acumular será paga em outubro com o retroativo de maio, junho e julho. O orçamento está apertado e nós conseguimos um valor que vai dá para sustentar o aumento.

Os aumentos que estamos dando aos professores força a gente a entrar nos 40%, segue Silva,”a despesa vem da realidade que melhoramos o salário do professor, é um efeito dos 5% do ano passado, isso eu lhe asseguro, é uma das causas. ”

Mas há denúncias de inchaço do quadro de funcionários.

“Não é verdade que estamos com excesso de pessoal, nós temos pessoas com problemas de saúde, temos profissionais cansados, há essa proposta de concurso público que deve oxigenar melhor a saúde da educação para 2019, eu sou uma pessoa que tenho otimismo e acredito que temos que renovar o quadro.”

O transporte ainda é um entrave.

“Nós passamos uma situação muito difícil ano passado. Mas esse ano estamos mais equilibrado, o grande problema é mesmo essas licitações demoradas, porque a gente precisa de ônibus para os alunos do Estado e é uma coisa que não consigo entender, porque embora a lei seja clara que o município é responsável apenas pela educação municipal, ainda temos essa situação ingrata. Eu sou municipalista e a gente precisa evoluir, o dinheiro do município que fique aqui.”

Os motoristas também tiveram atraso no pagamento.

“Veja, o motorista é contratado por uma empresa, acredito que essas empresas não têm caixa para fazer os pagamentos em dia, aí fica dependendo de qualquer atraso de processo, e ‘cozinha’ o motorista, não era para ser assim. O ideal seria que essas empresas tivessem respaldo financeiro para evitar esse tipo de situação.”

O município conseguiu se adequar às normas para o tempo de uso dos ônibus?

Ontem mesmo chamei aqui o responsável e graças a Deus estamos com os ônibus adequados com tempo máximo de dez anos de uso. Isso para dar mais conforto aos nossos alunos, são mais de 42 rotas,  parte delas feitas pelos ônibus amarelinhos do governo federal e as demais pelos contratados.

Silva encerrou a entrevista dizendo que o nível de satisfação dos professores é bom, e que a educação ainda precisa de muito investimento e mudança de atitude.