27 de julho de 2025

Epidauro Pamplona: O Profeta

Por

O Profeta

Por Epidauro Pamplona

O drama de 155 minutos do diretor,  Jacques Audiard, engloba o jovem árabe, Malik El Djebena, condenado a seis anos em regime fechado por confronto com a polícia, e  os  presos mulçumanos e a máfia ítalo/francesa,  chefiada na cadeia pelo veterano César Luciane que dita as “normas” na Penitenciária, e influi sobremaneira na administração e nas decisões do Judiciário para com  os condenados,  em uma gritante evidência de inversão de valores e de corrupção ativa e passiva que sobrepujam  o Direito, maculam  o Estado e banalizam  a má fé na Justiça,  na terra dos “gauleses”. A “odisséia” do condenado recluso sintetiza os malogros do “mundo cão”, a cadeia, onde a lei do mais forte  suscita, erga omnes,  a anacrônica  máxima  dos antigos ágrafos: sangue por sangue, olho por olho, dente por dente…

Logo na triagem,  o princípio da dignidade da pessoa humana é defenestrado  quando o preso é obrigado a mostrar suas partes íntimas para um preposto do Estado. Sua condição racial no cotidiano prisional  é motivo de retaliação, desdém e servilismo. Para  não morrer, e por falar árabe, o neófito encarcerado é obrigado a fazer amizade, trair e matar, impunemente, um “chefe”  mulçumano, desafeto dos mafiosos racistas que não deixam de molestá-lo, discriminá-lo,  surrá-lo e escravizá-lo,  à  proporção que a convivência carcerária,  o trabalho e a escola o “ressocializam”  para o crime, sob o interesse e  a égide da máfia, no caso  concreto explícito,  conforme verificar-se-á,  mais tarde,  nas cenas de violência premeditadas  do enredo pragmático e realista da fita cinematográfica questionada.

Malik, após cumprir a metade da pena e ganhar a confiança dos “donos” da cadeia,  faz um acordo com o “poderoso chefão”,  César, que, com anuência do venal  promotor de Justiça,  consegue transformar sua reclusão em regime semi aberto,  para utilizá-lo em seus planos criminosos  extramuros com outros apenados do mesmo sistema penal. Para o jovem custodiado, seu  aprendizado onde o sol “nasce quadrado”, concomitantemente,  proveitoso e pernicioso, dá-lhe um “new look” pejorativo e periclitante que o credencia para o mundo do crime, onde, sob condicional, pratica homicídios, roubos e tráficos que lhes dá poder, mordomia e até sexo com mulheres na cadeia, à noite.  A autofagia das gangues organizadas que afeta a hegemonia carcerária do mafioso Luciane, refreia os concursos de crimes praticados nas ações do jovem árabe que, após sentença cumprida,  ganha a liberdade para uma convivência, presumidamente familiar, após os longos “Dia de Cão” sob custódia judicial,  em detrimento da sociedade que absorve a violência e paga seus impostos, também, para a substância e manutenção carcerária  e para uma suposta ressocialização de sua população marginal que, inversamente,  capacita-se  nas grades das “escolas do crime”,  como se vê na obra cinéfila focada do renomado diretor,  ora comentada,  imparcialmente.

A mostra contemporânea  do cinema francês do supra citado diretor, o Profeta,  é o reflexo atual da situação dos presídios brasileiros, oriunda do “ovo da serpente” da acefalia da  Ditadura Militar, que, nos  “anos de chumbo”,  misturou presos políticos e até advogados com facínoras comuns, fomentando intelectualmente  o crime organizado arquitetado e  comandado dos intramuros penitenciários, conforme visto nas ações dos famigerados traficantes então  encarcerados,  Fernandinho Beira Mar, Marcola, e outros bandidos que barbarizaram e  assustaram a indefesa comunidade daO Profeta

Por Epidauro Pamplona

O drama de 155 minutos do diretor,  Jacques Audiard, engloba o jovem árabe, Malik El Djebena, condenado a seis anos em regime fechado por confronto com a polícia, e  os  presos mulçumanos e a máfia ítalo/francesa,  chefiada na cadeia pelo veterano César Luciane que dita as “normas” na Penitenciária, e influi sobremaneira na administração e nas decisões do Judiciário para com  os condenados,  em uma gritante evidência de inversão de valores e de corrupção ativa e passiva que sobrepujam  o Direito, maculam  o Estado e banalizam  a má fé na Justiça,  na terra dos “gauleses”. A “odisséia” do condenado recluso sintetiza os malogros do “mundo cão”, a cadeia, onde a lei do mais forte  suscita, erga omnes,  a anacrônica  máxima  dos antigos ágrafos: sangue por sangue, olho por olho, dente por dente…

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