Dois defensores públicos do estado estiveram nesta quarta-feira (23) na 12ª Delegacia, em Itapuã, onde está preso Paulo Sérgio Silva Sousa, 18 anos, acusado de assalto e estupro que aparece sendo entrevistado por uma repórter da TV Band, em vídeo que tem gerado muita polêmica.
No vídeo, a repórter Mirella Cunha, do "Brasil Urgente Bahia" aparece em atitude considerada debochada, ao brincar com a falta de conhecimento do suspeito. À defensoria, ele disse que se sentiu ofendido pelas atitudes da jornalista. "Eu me senti humilhado, porque ela ficou rindo de mim o tempo todo. Eu chorei porque sabia que ali, eu iria pagar por algo que não fiz, e eu sou inocente", afirmou.
Paulo Sérgio é réu primário e vive nas ruas desde criança, embora tenha casa da família em Cajazeiras XI. Analfabeto, ele tem seis irmãos e disse que já trabalhou como baleiro. A defensora pública e subcoordenadora da Especializada de Proteção aos Direitos Humanos da Defensoria Pública, Fabiana Miranda, comentou o caso, dizendo que a matéria usou a imagem do acusado para humilhá-lo e expô-lo ao ridículo. "A repórter não se limitou ao dever de informar, atingiu cabalmente a honra, a dignidade e imagem do detido", disse em nota.
Segundo a Defensoria Pública, as acusações contra Paulo Sérgio correm em ação penal na 8ª Vara Crime da cidade. O suspeito está preso desde o dia 31 de março e a entrevista à Band aconteceu dois dias depois.
Band repudia
Segundo a colunista Keila Jimenez, da Folha de S. Paulo, a Band pretende demitir a repórter Mirella Cunha. A jornalista já foi afastada por tempo indeterminado, ainda de acordo com a coluna. Outros responsáveis pela reportagem também podem sofrer punição. A Band afirmou repudiar a atitude da funcionária.
MPF
O Núcleo Criminal do Ministério Público Federal da Bahia entrou com uma representação na Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, do próprio MPF, para que sejam adotadas as medidas cabíveis contra a repórter Mirella Cunha, do programa Brasil Urgente, da Band Bahia.
De acordo com a representação, a conduta da repórter ofende direitos constitucionais do “entrevistado”, que se encontrava preso, à disposição do Estado, em uma delegacia de polícia.
