Temos um patrimônio inestimável em Paulo Afonso… que está morrendo! Está morrendo por causa da nossa mais completa insensibilidade. As nossas árvores, o nosso verde, o nosso pulmão, aquilo que pioneiros de visão –e de ação – construíram está morrendo. Construíram para nós. Eles bem sabiam que iam passar. Iam passar da vida, da cidade e da empresa CHESF. Passaram, enfim, e deixaram o que melhor podiam ter deixado. Deixaram vida!
Nossas árvores estão morrendo. Intrigante que estão a morrer nas nossas barbas, nós que temos uma estrutura comunitária de dar inveja aos nossos vizinhos; nós que temos lagos e um riozão passando bem embaixo dos nossos narizes. Árvores de instituições das mais respeitadas estão secando por causa de uma das mais severas secas que temos tido no Nordeste.
O meu esclarecido leitor sabe que não torramos de calor em Paulo Afonso exatamente por causa daquele trabalho de profundidade e de visão dos nossos verdadeiros heróis. Sabe muito bem da vantagem de termos árvores aos cântaros e aos montões. Sabe, principalmente os da banda de cá, que o ar gostoso que respiramos vem bem refrigerado do Acampamento um dia implantado pelos sábios plantadores de árvores, aquelas que agora morrem a nos pedir socorro de braços secos para o ar. Apelam para nós na esperança de ainda termos um pouco de bom senso.
Pois precisamos de socorro! Precisamos de uma operação de guerra para salvar o nosso precioso patrimônio. Apelamos para o Exército Brasileiro! Apelamos para o mesmo exército que um dia respondeu à classe média brasileira e mudou o rumo das coisas. O Exército para quem apelamos é aquele que tem participado das revoluções brasileiras de cunho nacionalista puro não preconceituoso. Apelamos para o Exército das grandes obras que eliminaram gargalos, o Exército da Transamazônica, das grandes pontes e das hidroelétricas. Apelamos mesmo para a nossa Companhia estacionada em Paulo Afonso.
Salvem as nossas árvores! Vocês têm condições de fazê-lo. São mantidos com os nossos impostos e sabem nos defender. Defendam, agora, as nossas árvores. Cremos que o exército que aprende a passar bala no inimigo é, também, suficientemente sensível e capaz de executar uma operação de salvamento do nosso patrimônio em tempos de paz.
O apelo – pungente para alguns, descabido para outros – é dirigido a quem tem condições de responder. Nos tempos de paz e de democracia que vivemos, temos certeza que o nosso apelo será atendido. Temos certeza, pelo que conhecemos da história do Exército Brasileiro, que a tropa marchará com garbo para cumprir a tarefa que agora lhe imputamos. Os carros pipa da nossa Companhia de Infantaria breve estarão a levar a vida de volta para as árvores e para nós. As Forças Armadas brasileiras são uma das instituições que mais o povo respeita e em quem mais confia. A operação que sugerimos certamente corroborará para isto.
Venham para as ruas, nobres combatentes! Venham e nos encontrem com pás, baldes e rastelos. Todos, certamente, temos em grande conta a sua missão. Confiamos em vocês, última trincheira desta luta.
Francisco Nery Júnior