Bambam era uma esperança de entretenimento no Big Brother da Globo. A Globo é fina no oferecimento de pão e circo. Faz campanhas e oferece programação livre para todos. Bambam voltou no Big Brother 13, mas logo pediu para sair. Por que saiu Bambam? Algumas hipóteses:
Primeira – Bambam é claustrófobo. Ficar enclausurado na casa por três meses cercado por estranhos, desestabiliza Bambam. Mas ele ficou no BBB 1 e ganhou. Era porém mais jovem, vendia coco na praia, precisava vencer. O jovem é afoito e aguenta o tranco para vencer. Bambam conseguiu amealhar uma fortuna de cinco milhões de reais. Pode não ser exigente e pode considerar que cinco milhões garantem uma retirada mensal até a morte. Com mais uns trocados que conseguir, com mais umas posadas sem roupa, com mais uns comerciais e algumas pontas em programações, a coisa fica melhor ainda.
Segunda – Bambam é sensível. Não gosta de brigar. Brigar é para os animais que têm que garantir a sobrevivência em uma competição animalesca, ainda que Roberto Carlos tenha cantado que desejaria ser civilizado como os animais. Para eles, cooperação tem limite. Brigar para se impor, brigar para aniquilar o outro, usar a força do corpo sarado a duras penas para massacrar o próximo, mesmo que adversário, em um jogo de televisão não, não dá. Seria uma violência intolerável para o nosso personagem. Os homens se dilaceram em múltiplas guerrinhas particulares pelo mundo. Bambam fica de fora.
Terceira – Bambam foi pegado de surpresa. Logo ele que não arma pra ninguém! Foi bem votado pelo público e voltou treze anos depois. Bambam não esperaria que alguém impetuoso, que se considera de corpo fechado, investisse contra ele – logo ele! – com tanta violência logo de entrada. Bambam chorou. O homenzarrão derramou lágrimas ao primeiro ataque da jovem competidora. Se ela queria vencer ou se simplesmente queria cometer suicídio investindo contra um vencedor, não importa. O fato é que Bambam pode ter achado que não valia a pena se desgastar com cachorro morto. O nosso herói (a essa altura Bambam começa a adquirir a estatura de herói) pode ter se lembrado do atacante humilhantemente preterido pelo técnico da seleção. Fez o gol da vitória do seu time, anos depois, contra aquele mesmo técnico. Foi lá, mostrou a camisa e o seu valor para o banco dos adversários e causou um pandemônio já no finalzinho da partida. Ele foi o artífice da vitória, não precisava nada daquilo. Tudo isso pode ter passado na cabeça de Bambam.
Quarta – Bambam á mais maduro do que parece; mais nobre. Pode ser melhor do que nós. Certas atitudes, tomadas como babaquice, displicência, ou o que o valha podem, ao contrário, indicar superioridade (sem contar que o sábio perseguido faz bobagens, segundo a bíblia). Indivíduos superiores é coisa rara; não são encontrados na primeira esquina. Ficar trancafiado por um longo período com outros jovens buchudos, sarados e mimados para oferecer, a nós outros, diversão de baixa qualidade não é coisa para Bambam. A Globo, que opera sob um sistema de concessão, poderia gestar algo melhor para nossa educação. Poderia ser o caso de o rapaz ser apenas um fraco. Saradão, pode também, de agora em diante, tocar a vidinha com tranquilidade até a morte. Mas pode ter surpreendido a todos nós.
Quinta – Bambam ainda pode ter seguido o exemplo de Pelé que saiu por cima. Pelé não saiu de cena sucateado. Reina absoluto como rei do futebol. Popó foi campeão mundial de boxe, mas deixou para nós a imagem do campeão finalmente nocauteado, impiedosamente abatido no canto do ringue. Bambam não podia se dar ao luxo de tisnar a imagem de primeiro vencedor do Big Brother Brasil. Concorrer novamente com 16 participantes (entre eles Dhomini, outro vencedor) seria um risco muito grande. Bambam, assim sendo, nos surpreendeu.
Por Francisco Nery Júnior