Miravam, da infância deste escrevente, tempos passados, ao se aposentar por serviços prestados à CHESF, disse-lhe lacônico: Carrim, vou embora para o Recife porque Paulo Afonso daqui há pouco se tornará uma “grande” Delmiro Gouveia.
À época, a cidade alagoana era o retrato provinciano do atraso e do estagnatismo social, político e econômico que ainda, anacronicamente, persistem em muitos municípios do Nordeste, e Paulo Afonso então, sob o regime militar vivenciava as vacas gordas do “Boom” da Companhia Hidrelétrica do São Francisco e suas empreiteiras que, a toque de caixa, atendendo seus interesses pecuniários, promoviam um progresso imediatista à revelia ambiental na geração de emprego e renda, sem perspectivas para o aproveitamento futuro dos recursos humanos capacitados em suas obras, conforme o elencado no livro “O Caso Paulo Afonso” do engenheiro Chico do Concreto, ex chesfiano.
Nos tempos atuais, a cidade de Delmiro Gouveia em Alagoas mostra que deu um salto de qualidade comprovada em sua urbanização projetada, e na melhoria das condições de vida de seus habitantes do campo e da cidade. Apesar do muito a ser feito, a dinâmica produtiva do seu cotidiano prenuncia resultados benéficos a médio e longo prazo para sua população, na imprescindível Educação, na vital Saúde e na substancial Economia. É questão de tempo…
Hodiernamente, Paulo Afonso na Bahia, pelo andar da carruagem, infelizmente, está fadada à concretização da profecia do grande futebolista Miravam e entrar na penúria delmirense de tempos passados, haja vista o êxodo forçado de seus filhos por emprego e renda em outras plagas, à proporção desenfreada que a cidade da energia com tantos recursos naturais e artificiais, cresce como rabo de cavalo suscitando data vênia o saudoso Inácio Catingueira. O que fazer para estancar peremptoriàmente este processo contínuo de degradação moral, política, econômica e social que obscurece excessivamente a prometida “cidade-luz?”
Epidauro Pamplona