26 de agosto de 2025

Prefeito interino de Olho D Água do Casado procura juiz para entregar o cargo

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“Não tenho vocação para prefeito. Não quero ser prefeito. Quero falar com o juiz para dizer que não fico, porque não quero que estoure essa bomba na minha mão de jeito nenhum”, declarou em entrevista exclusiva ao R2 na manhã desta quinta-feira (01) o prefeito interino da cidade de Olho D Água do Casado, sertão de Alagoas, José Raimundo Gomes.

Após a cassação dos mandatos do prefeito Gualberto Pereira e da vice Rosa Alencar – acusados de uso eleitoral do programa social ‘Cartão Cidadão’, bem como, de terem usado estruturas da prefeitura na reeleição do prefeito no ano passado  – ,  o então presidente da Câmara de Vereadores do município José Raimundo Gomes, 52 anos, casado, pai de sete filhos, assumiu a prefeitura e vive momentos de angustia com os desmandos deixados pela administração do prefeito cassado.

CONTAS A PAGAR

A manutenção da maquina administrativa, os débitos com fornecedores e prestadores de serviços, a redução dos repasses do governo federal para o município e, principalmente, a folha de pagamento dos servidores, representam a inviabilidade administrativa do gestor interino de Olho D Água.  De acordo com o prefeito José Raimundo, a folha tem mais gente do que o permitido. “O número de funcionários passou do percentual estabelecido pela Lei, só de contratados são mais de 400 pessoas, o mês de junho não foi pago, já venceu julho e eu não vejo jeito de pagar. Outro problema grave são os empréstimos consignados na Caixa Econômica e no Banco do Brasil, porque não temos como repassar o que cabe aos bancos do empréstimo feito aos funcionários e isso vai prejudicar os servidores”, desabafou o prefeito. Ainda de acordo com assessoria do prefeito, foram feitos empréstimos para efetivos e contratados, colocando em risco a operação bancária e, conseqüentemente, gerando suspeitas em declarações fornecidas de funcionários sobre os vínculos com o município.

Os efetivos estão há dois meses sem receber e tem contratados com quatro, cinco meses sem receber. “Não suporto esse atraso com os funcionários. Minha família e meus filhos têm o que comer, e os filhos dos servidores da prefeitura também têm esse direito. É por isso que não tenho condições de ficar. Prefiro deixar a prefeitura nas mãos da justiça”, frisou o prefeito.

Uma das inúmeras pendências financeiras da prefeitura é o atraso de pagamento a um restaurante, em Maceió, desde outubro do ano passado sem honrar a contratação. O restaurante atende os usuários da Casa de Apoio de Olho D’água na capital.

EDUCAÇÃO

Uma da pastas que mais preocupa a gestão é a Educação do município. A área é a mais afetada, desde a falta de servidores efetivos – por falta de concurso público – até o remanejamentos de verbas. O repasse para a Educação não é suficiente para honrar todos os compromissos da pasta, em decorrência do grande numero de contratados, e o Governo Federal só manda os recursos mediante o efetivo do pessoal e das informações de matriculas, fazendo com que recursos sejam retirados do FPM para socorrer a Educação.

Na próxima segunda-feira (05), está previsto o inicio do semestre letivo nas escolas municipais casadenses, mas a preocupação do gestor é contundente quanto ao pagamento do transporte escolar. “Qual é a garantia que posso dar a esses alunos que irão para as escolas? E o dinheiro para pagar os que fazem o transporte deles?”, salientou, mais uma vez com tristeza, o gestor José Raimundo.

RELATÓRIO

O prefeito interino José Raimundo assumiu a prefeitura no dia 11 julho, e fez apenas três modificações na equipe de governo. Os secretários de Finanças, de Educação e da Assistência Social, pessoas da confiança pessoal. Esperando informações detalhadas das outras secretarias, a equipe do prefeito aguarda os números atualizados de cada pasta para produção de um relatório, que será entregue à Justiça para não comprometer a atual gestão quanto o descaso administrativo instalado na municipalidade.

Outra preocupação, não menos importante das elencadas na entrevista pelo prefeito, é a responsabilidade jurídica administrada que assume enquanto gestor do município, situação que pode o deixar inelegível para uma possível disputa a vereador nas próximas eleições. Diante disso, o José Raimundo quer que a Justiça agilize o processo de eleição no município, dizendo que vai procuar o juiz nesta sexta-feira, porque “não quero que estoure essa bomba na minha mão de jeito nenhum”, repete o prefeito interino.

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