Eu, nesta coluna, não daria uma nota ruim ao pessoal do trânsito em Paulo Afonso. O leitor e eu sabemos o quanto de má vontade, desleixo e perseguição sofre quem quer realizar alguma coisa que seja boa para a comunidade. Vai sempre ser considerado “do contra”, vai ser taxado de perturbador, vai ser considerado candidato a vereador (como se isso fosse feio), vai ser perseguido; vai ser evitado. Se ele quer trabalhar e fazer diferença – para melhor – ah, vai ser evitado; achincalhado, “buliado”, e/ou denegrido. Os nichos do poder e da acomodação vão se sentir ameaçados – e vão reagir; daquela maneira agora exposta.
A turma trabalha e o trânsito, na minha opinião, funciona. Não sei se algum planejamento compreensivo já foi feito por alguém que seja perito em locomoção urbana e em escoamento de veículos. Se não, temos o melhor que tem sido possível fazer. Se não, ainda, algumas considerações possíveis, dentre as muitas que leio nos também competentes e comprometidos sites da cidade.
Como as grandes alvenarias são sustentadas pelas pequenas pedras (falo do tempo das obras sem vergalhões de ferro , sem injeções de concreto e sem concreto protendido), pequenas intervenções podem, aí sim, melhorar o fluxo de tráfego na ilha melhorando a nossa vida e corroborando a nossa felicidade, termo fora de moda. Não perder tempo no lufa-lufa do trânsito significa não prejudicar a economia. Significa não se desgastar produzindo, de fato, mais e melhor para o desenvolvimento. Se você, leitor, fosse presidente, governador, prefeito ou vereador, mesmo síndico ou inspetor de quarteirão, você, comprometido com o bem coletivo, não investiria pesado no processo do deslocamento urbano? Você investiria (não apenas recursos pecuniários). Você buscaria soluções. Você contribuiria para o bem do outro. Em última análise, para o seu próprio bem. Você sabe disso. Você já sabe. Sabe melhor do que eu. Estamos apenas lembrando; matutando e parafusando. Queimando fosfato.
Quem vem da Caixa Econômica ou do Banco do Brasil da Chesf para a Getúlio Vargas, bem em frente ao prédio da Coelba, enfrenta um dilema danado – e um perigo. É terrível decidir quando entrar à direita. Ali não poderia ser “direita livre” com alguns marcadores de concreto, como já temos em alguns lugares? Não já chegou a hora de a Manoel Novais ser transformada em via de mão única? A Travessa João Goulart, pouco antes do Colégio Sete de Setembro, não poderia ser “mão inglesa” como acontece em frente à Natura?
Cinquenta por cento dos quebra-molas não poderiam ser erradicados? Alguém vai por acaso discordar que alguns deles são indiscutivelmente desnecessários? Beco entre a Getúlio Vargas e a São Francisco, logo após Vovó Tereza: quebra-molas na entrada e quebra-molas na saída. Pra quê, além de aperrear a vida do motorista, gastar combustível e arrebentar as molas do veículo? Alguém, porventura, iria dobrar, virar naquele beco puxando cento e vinte? Ao lado da Embasa, você desce. Bem perto do paredão, quebra-molas. O motorista certamente não é cego, vê o paredão e sabe que, se dobrar à direita ou à esquerda, em alta velocidade, fatalmente capotará. Então, pra que aquele quebra-molas, senão para conturbar? Pode ser que seja um mero enfeite. No caso, serve para enfeitar a cidade. Um quebra-molas, como a Torre Eiffel em Paris, pode um dia se tornar o símbolo de Paulo Afonso.
Muitas outras considerações podem ser lidas ou ouvidas nos meios de comunicação da cidade. Estas foram mais algumas.
Francisco Nery Júnior