“Nada nos humilha mais do que a coragem alheia” a frase do dramaturgo Nelson Rodrigues, via de regra, não cabe na política. Quando setembro chegar tudo estará como antes. Não haverá nenhuma novidade para quem esperava uma terceira via, não existe racha no grupo que está no poder – o que possibilitaria uma campanha acirrada, e vá lá, quem sabe outras caras no comando do município, e para piorar o que já não está bom, a oposição não tem rumo. Um cenário político que se desenha tão anêmico expressa um descontentamento por parte da população que parece não acreditar mesmo mais em nada.
Antônio Alexandre isolado
O vereador Antônio Alexandre (PR) gritou ao mundo que se arrependeu, que esteve errado todo esse tempo, rememorou críticas ao então prefeito Raimundo Caíres, se disse indignado e apontou barbaridades dignas de cassação de mandato da administração atual a quem quisesse ouvir, diz sempre que pode ser amigo e fiel ao ex-deputado federal Dr. Luiz de Deus, mas suas palavras ainda não encontraram eco em Paulo de Deus muito menos em Dr. Luiz. Alexandre está na linha de frente, mas ninguém arrisca sem medo se o vereador terá companhia para o restante da batalha.
Anilton Bastos só precisou de um telefonema
Alvo das críticas do vereador Antônio Alexandre que passaram por secretarias e avançaram para os gabinetes, o prefeito de Paulo Afonso, Anilton Bastos Pereira (PDT) ligou para Dr. Luiz de Deus, convidou o ex-deputado para a série de inaugurações que a partir de agora estarão na pauta, colocou os pingos nos is e avisou que agora partirá para o contra-ataque. Ao fim do almoço com vereadores e outras lideranças ouviu de Dr. Luiz: continuem trabalhando. Há quem enxergue nesta frase alguma ambiguidade. Sem ilusões. Ainda que não se apresente como pré-candidato, ninguém próximo a Luiz de Deus acredita que haverá algum movimento dele contrário a Anilton.
O movimento de Paulo de Deus esbarra na realidade
O ex-prefeito de Paulo Afonso, Paulo de Deus é um grande nome para 2016. Paulo vai bem para os dois lados. A oposição quer muito, Antônio Alexandre conta com sua candidatura, embora haja também um clima de “déjà vu” para quem quer um nome novo. Mas diante do posicionamento do irmão mais velho, o mais novo teria força para enfrentá-lo? E junto com ele o exército treinado na máquina pública?, diga-se, uma das mais poderosas da região? O maior adversário de Paulo de Deus é a conjuntura.
Está tudo dominado, possível candidatura de Jean Roubert livre como um pássaro não passou de ilusão
“Não existe, Ivone, espaço para uma terceira via nesta cidade”, disse o advogado Jean Roubert, que obteve em 2014, pouco mais de 1.700 votos para o deputado federal Benito Gama (PTB). Jean que preside o PTB no município, apresentava-se então como alguém possível de nadar contra a maré das conveniências, hoje, no entanto, desfez a ilusão. Candidato a vereador, terá ao seu lado o radialista Fábio Salvador (PTB) entre outros nomes que levará para levantar o partido de Abel Barbosa. Jean já está bem enturmado com o governo municipal. Segundo explicou, o convite partiu de Anilton Bastos. Para aquela pequena minoria que sonhou com um candidato independente, leia-se sem vínculo com grupos políticos de situação ou oposição, é melhor voltar para a cama e dormir.
Com a palavra, a oposição
A oposição canta: “/Como será o amanhã/ responda quem puder/…”
Se tudo que está escrito acima se confirmar, como se organizará a oposição? Dernival Oliveira (PP), presidente da Bahia Pesca, que assim como Paulo de Deus nunca negou o desejo de disputar a cadeira de prefeito, terá forças para reagir ao timaço que se monta? Para o equilíbrio das forças e, consequentemente, melhorar o nível da política em Paulo Afonso, uma coisa é certa: a oposição precisa reagir. Não adianta vir com essa história que ainda é cedo, se o time que está ganhando há muito tempo já se articula, imagine quem precisa tomar o poder. A essa altura do campeonato já poderia ter alguém refletindo a insatisfação das ruas – que não são poucas. Apresentando uma proposta alternativa e viável, trazendo alguma esperança. Porém, ao que parece, até a oposição está dominada.