O trecho que dá nome ao título deste artigo é da belíssima canção “Exemplo” do extraordinário Lupicínio Rodrigues. Na conjuntura atual da política em Paulo Afonso, ninguém explica melhor a situação pela qual passa tanto o governo quanto a oposição, ambos tendo em seus quadros desafetos que se juntam para não chorar separados.
‘Dez anos estás ao meu lado/ dez anos estamos brigando/…’
Não faz muito tempo, Paulo de Deus (PMDB) subia nos palanques Bahia afora, para ser cirúrgica: nas eleições de 2014, e dizia para quem quisesse ouvir: “Isto vai mudar, vocês vão ter um prefeito!”, infelizmente, para as pretensões do ex-prefeito de Paulo Afonso, as urnas conduziram Rui Costa (PT) ao governo do estado, na derrota mais humilhante da história recente da política brasileira. Às vésperas da votação, Paulo Souto (DEM) levava no primeiro turno.
Sem o governo do estado como enfrentar a máquina conduzida por Anilton Bastos (PDT)? Ainda, resta lembrar, veio de solavanco a derrota do irmão, o ex-deputado federal Dr. Luiz de Deus, que tentara a vaga na Assembleia Legislativa. Hoje na companhia de Anilton, em Salvador, provavelmente para pegar o PDT e apresentar seu nome a Paulo Afonso. Mais uma vez, Lupicínio: ‘/dez anos vivemos brigando/ mas quando eu chego cansado/ teus braços estão me esperando… ’. A questão aqui é abrir uma terceira via e perder tudo, nem mel nem cabaça. Então é o jeito ajeitar-se com o que tem e engolir o orgulho. Havemos de vê-los todos no palanque como se nada houvera.
A oposição continua o “Hit Pared” com o estranho no ninho
O vereador Antônio Alexandre (PR), otimista com a candidatura de Paulo de Deus, deixou tudo. Como o mesmo disse à época. “Não é fácil largar as tetas, mas eu deixei”. E vale o registro: há quem diga que não foi coragem, Antonio se apressou ou confiou demais. A verdade é que alguém, nestes momentos, precisa sair para o sacrifício. Esta rebelião, note-se, não encontrou afago na oposição. Alexandre hoje domina a cena e isto, obviamente, apagou Edson Oliveira (PP). O resultado é que Edson já disse que não representa Alexandre, e convenha-se: quando cada um fala por si o resultado é a nulidade. Só quem pode ganhar é a situação, então mirando-se no exemplo de cima, Alexandre ensaia uma reaproximação com Edson Oliveira, através do vice-presidente do PP, Agnelo Negromonte. A primeira reunião aconteceu hoje, na base do PP, entre os vereadores do partido para saber que história é essa de fuga em massa para o governo? Se a oposição falará uma única língua, não se sabe, se este discurso encontrará amparo em um único candidato a prefeito, muito menos: ‘/É melhor se brigar juntos/ do que chorar separados/…’
