Por Francisco Nery Júnior
J’ai mal au ventre de devoir payer une somme que je ne dois pas» : à 90 ans, cette Nantaise a reçu une facture d’eau de 3500€
La nonagénaire plaide une erreur de compteur, la métropole de Nantes invoque un problème de consommation. Depuis décembre, la retraitée rembourse 200€ par mois.
O texto acima foi extraído do Le Figaro de Paris. A senhora de 90 anos, aposentada, tem dor de barriga, cólicas, se sente mal com a obrigação de “pagar um total que não deve”. A Embasa de lá enviou uma fatura no valor de 3.500 euros (aproximadamente 18 mil reais). A nonagenária alega um erro do relógio e a empresa um problema de consumo. Talvez considerando a sua idade – ou o cúmulo do absurdo – o texto sugere ter havido uma acomodação e a pobre senhora, a partir de dezembro último, começou a receber um reembolso de 200 euros por mês.
Mês de janeiro, a fatura mensal da nossa Embasa me arrancou quase metade do meu salário de aposentadoria do INSS. Racionalizo o que posso e aproveito a água dos esgotos e da chuva. Mantenho o jardim “apenas para não morrer”, construí um elaborado sistema de canais e caixas de infiltração de águas usadas, e aí vai. Vale notar que paulatinamente tenho estado reduzindo a minha área verde. Fica a redação no presente perfeito contínuo, uma contribuição para concursandos e vestibulandos, para passar o sentimento de calvário crescente ou, se o leitor preferir, a percepção de extorsão legal.
Do início da minha morada, talvez restem apenas dez por cento da minha área verde. E somos apenas a mulher consorte e eu. A secretária casou e partiu e o cachorro morreu.
Alguma semelhança do meu calvário ou sofrimento – evitando termos tais que revolta ou ódio – com o episódio da velhinha da França?
Comprava couve na nossa feira grande. Uma humilde senhora procurava ganhar alguns reais com a venda de hortaliças. No meio da conversa, a revelação de ela haver desembolsado 200 reais pelo consumo mensal da água da Embasa embora “até banho de chuveiro eu já cortei” – declaração acre e pungente da pobre senhora pauloafonsina.
Alguém poderia argumentar, defender se for o caso, a atual política tarifária do Governo da Bahia em relação ao fornecimento de água tratada no estado?
Francisco Nery Júnior
P.S. A reprodução do texto original é uma tentativa de despertar nos nossos potenciais amantes do francês o gosto pela língua e a possibilidade de formarmos um clube de falantes em Paulo Afonso.