Por Francisco Nery Júnior
O desenho é do caricaturista francês do século dezenove Jean-Jacques Grandville. A legenda da charge nos revela que ingênua é a ovelha que se confessa com o lobo; ao lobo. Folle, em francês, pode também ser traduzido por tola: Folle est la Brebis qui au Loup se confesse.
Ingênua, tola, simplória, sincera ou sem hipocrisia, melhor poderíamos dizer, ela se confessa num ritual introdutório de uma caminhada certa para a morte, sem berros nem protesto. Ela sabe o seu destino e se confessa. Que mais pode fazer?
Ao me deparar com o desenho de Grandville, inevitável a comparação com qualquer um de nós na parte de fora da cabine eleitoral. Dentro, o político invisível a receber a nossa confissão – o voto. Ele é invisível quanto às suas intenções.
Com confissão queremos dizer confiança naquele que resolvemos escolher na esperança de dias melhores para nós e para nossos concidadãos. Com o voto, delegamos ao escolhido a oportunidade de lutar pelo crescimento do país e pelo desenvolvimento do seu povo.
Quando assim fazemos, fazemos na esperança de dentro do confessionário estar um cordeiro comprometido e disposto ao sacrifício em favor dos seus representados.
Não obstante, na maioria das vezes das nossas confissões, encontramos um lobo [ávido e devorador] semelhante ao lobo imaginado e representado no desenho de Grandville.
P.S. Político, no texto, pode ser substituído por qualquer outro termo que se refira a alguém em qualquer outra esfera da vida.
