29 de julho de 2025

Francisco Nery Júnior: ‘Chorando com Paulo Diniz’

Por

Redação (pa4.com.br)

Por Francisco Nery Júnior

 

 

O meu amor chorou – Paulo Diniz

  • O meu amor chorou
    Não sei por que razão
    O meu amor chorou
    Não sei por que razão
  • Também pudera
    Eu não estava acostumado
    À vida de casado
    Faço força pra ficar
    Em casa sossegado
    Mas amor é tão difícil
    A gente se conter
  • Antigamente a minha vida
    Era de bar em bar
    Pelas ruas da cidade
    A lua quando sai
    Saudade vem, a gente vai
    E fica pela rua até o amanhecer
  • Mas te prometo um dia, meu amor
    Mudar de vida pra te consolar
    E pra fazer seu gosto
    Embora morra de desgosto
    Trocarei tudo o que tenho
    Pr’ocê não chorar

 

Foto: Max Levay / Divulgação

 

O autor está profundamente preocupado com o choro da sua amada. Paradoxalmente, está placidamente tranquilo: “não sei por que razão”. Vamos considerar que a sua estrutura ainda era a estrutura de um solteiro. Certas metamorfoses requerem um certo tempo. Ele é, sem dúvida alguma, sincero e “esforçado” para “ficar em casa sossegado”.

E entra no processo a miserável condição humana: “Mas amor, é tão difícil a gente se conter”. Paciência, que ela demonstra no choro, é fundamental. Roma não foi feita em um dia.

A lua sai, luar divino e contagiante, convidativo, irresistível, bate a saudade, vem a recaída e “a gente fica pela rua até o amanhecer”. Não era ainda o tempo das drogas e dos assaltos. Os tempos eram provincianos. A rua, no poema, significa liberdade (inerente ao ser humano) e sociabilidade.

Mas, temos um mas no poema, ele promete mudar de vida! O compromisso com o seu amor está acima dos seus valores de “antigamente”! Observe o leitor “mudar de vida pra te consolar”. Não apenas para se remir, fazer uma conversão de rumo (fundamental), mas para (simplesmente) consolar a amada. Renúncia em favor de um amor maior, supremo.

O autor sobe um grau na escala da renúncia: “E pra fazer seu gosto…” Anulado, morto o gosto dele (todos os seus valores anteriores), para fazer o gosto da amada.

E a profundidade do amor: “Embora [todavia, porém, mas, não obstante, contudo] morra de desgosto”. Ele vai da adversidade à concessão.

“Trocarei tudo que tenho.” Ele tinha “tudo” com “gosto”, era feliz.

Mas a felicidade de viver um grande amor e a responsabilidade sublime de não fazê-la chorar ficaram acima de todas as coisas.

 

 

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COMENTÁRIOS

Comentários 1

  1. Edvaldo says:

    É isso aí falou e disse! As músicas atuais são descartáveis. As antigas do passado são eternas. 💙💛💓

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