Líder do governo quebra silêncio e diz que não é ‘subalterno’ do prefeito. ‘Queremos respeito!’

O silêncio de Jean Roubert (PTB) durou um mês. O líder do governo assistiu incauto às críticas disparadas pelos vereadores da oposição, com justa razão, diga-se, e simplesmente abriu mão da interlocução, não apenas isto: no momento em que o prefeito Luiz de Deus (PSD) tentou apear a Câmara do jogo, ungindo-se de poderes absolutos para renovar, negociar e ajustar a seu bel-prazer convênios (aqui lembremos a situação da Embasa) com instituições, empresas, Estado etc., Jean se apressou e avisou ao líder da minoria, Antônio Alexandre (PMDB) sobre a manobra que estava em curso.

Não deu outra. Alexandre fez um furdunço, contaminou a Câmara, e embora pudesse apresentar o projeto de lei nº 31/2017, dando estes poderes ao prefeito, o presidente Marcondes Francisco (PSD) se quer o mencionou. Pois, o líder resolveu falar, e expor a situação de submissão imposta pelo prefeito a seus aliados.

De saída, Jean disse que não estava abandonando o barco, era aliado ‘de primeira hora de Luiz de Deus’, mas nas entrelinhas, deixou claro que ser capacho não é a sua praia. Vamos à fala:

″(…) Não vamos aqui cobrir os panos, é o sentimento de quase todos, falta atenção melhor do nosso prefeito, eu o tenho respeito, muito grande, e gostaria que esse respeito fosse recíproco, não apenas a pessoa de Jean Roubert, mais aos 2.500 votos a mim confiados (…) porque precisamos ser melhor atendidos e ouvidos″, disse o líder, enumerando as demais votações da bancada.

Jean em seguida disse que é impossível fazer parte do governo e contribuir com a gestão se nunca é convidado para nada, exceto para inaugurações:

″Só somos lembrados, Bero, na hora das inaugurações, nas demais situações, a verdade é que sinto dificuldade, não há comunicação do prefeito comigo, como quer que eu defenda sem embasamento, sem informação nenhuma, quer que eu vá sempre ao rei? E por que na democracia não pode ser diferente?″, questiona.

Aqui Jean assume uma postura que o lança muito distante de seus predecessores, acostumados ao servilismo.

As bodas, o gozo, depois da luta

″Eu exijo respeito como parlamentar, não estou rompendo com o prefeito, para que fique claro nas mídias (…), tenho postura como ser humano, não fico em cima do muro, estou sendo coerente em nome do povo (…), nós como bancadas precisamos ser melhor valorizados, porque diuturnamente, do nascer do sol até altas horas da noite nós enfrentamos rua a rua, pessoa por pessoa, acreditando que Luiz de Deus é o melhor para Paulo Afonso, contudo, agora nas bodas do prefeito, aparecem outros atores, que se quer estavam na campanha, servindo a outros senhores, e nós que lutamos aonde estamos?″

Logo após a sessão, Jean Roubert publicou em sua página no facebook, um vídeo oficial mostrando o seu descontentamento com o “tratamento”  do prefeito Luiz de Deus com a sua bancada na câmara:

“Rompi o silêncio!. Pronunciamento do vereador Jean Roubert sobre a correção de rota para melhor representar o povo de Paulo Afonso”.

Apesar de ter dito que não espera retaliações, mal terminou a sessão, e nos corredores da Câmara, interlocutores de Luiz de Deu já davam como certa sua substituição como liderança, ao menos na prática, embora no regimento seja impossível.

Ouça um trecho do discurso de Jean Roubert hoje na tribuna da Câmara: