29 de julho de 2025

Não são elas mulheres? – Direitos femininos em tempos de retrocesso (Evelyn F. Santana)

Por

Redação (pa4.com.br)

 

 

Por Evelyn F. Santana

Utilizei parte da pergunta de bel hooks expressa no livro: eu não sou uma mulher? para iniciar esse texto. Não são elas mulheres? Na verdade, poderíamos também questionar até que ponto mulheres brasileiras são sujeitos de direitos na sociedade atual? Enquanto mulher que analisa e vivencia esse contexto, me vejo na obrigação de escrever acerca e de tentar alcançar outras mulheres através de palavras e reflexão.

Está posto que se compararmos nossa realidade com a de outros períodos iremos encontrar pontos de avanço no que se refere à luta por direitos das mulheres. Já citei alguns deles em outros textos. Esse avanço de deve majoritariamente aos movimentos feministas e a inquietude de mulheres que não se contentaram com ausência de direitos e opressão imputada a elas e a outras. Afinal, o que atinge uma de nós atinge a todas, somos uma categoria.

A tentativa de referenciar a escritora e ativista através da frase acima não foi escolhida em vão. Os últimos acontecimentos no cenário da política brasileira são refletem o local em que a mulher se enquadra dentro do âmbito da hierarquia social: Esse local é o da marginalização. Estamos fora das pautas prioritárias. O estopim para essa afirmação? O Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual Lei 14.214, que tem como intenção combater a precariedade menstrual, ou seja, viabilizar um insumo necessário e indispensável para aquelas que necessitam. Contudo, o Chefe Executivo, vetou a previsão de distribuição gratuita de absorventes femininos para estudantes de baixa renda e pessoas em situação de rua, que era a principal medida determinada pelo programa.

Observo essa situação como mais um dos múltiplos retrocessos que temos vivenciado enquanto brasileiras e brasileiros. E não somente no contexto dos direitos das mulheres. Essa é uma questão de saúde pública, direito social, políticas públicas. Ademais, ressalto que esses vetos expõem nitidamente recortes de classe e gênero.

Como em um país com um nível de desemprego e com a inflação mais alta dos últimos vinte um anos uma mulher em situação de vulnerabilidade social irá adquirir o item básico? Para as mulheres em situação de rua, já desprotegidas em todas as instâncias possíveis, a situação se agrava. E para as estudantes? Pressuponho que a questão reverbere diretamente no quesito aprendizagem e frequência.

Saúde, educação, assistência social, todas se encontram na proposta. Todas receberam um sonoro e insipido não. Reitero a importância de pensarmos fora de nossa zona de conforto. O veto não foi apenas para mulheres de baixa renda, estudantes e mulheres em situação de rua. O veto foi para mulheres, para nosso avanço em termos de direitos, que diga-se de passagem já são mínimos.

Não são elas mulheres? Não são sujeitos de direitos? As leis servem a quem? E quando iremos parar de normalizar nossa segregação?

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COMENTÁRIOS

Comentários 4

  1. Na lógica says:

    Fornecer absorventes, escovas de dentes, papel higiênico, cotonetes, pentes, sabonetes, cremes dentais… Limpar e absorver em todas os lados e locais….

  2. Lia says:

    Sou mãe, sou mulher, sou negra e para mim o feminismo vive de demagogia e de narrativas que só tem o objetivo de separar o povo em grupos para brigarem entre si pois, Haddad e Dilma também vetaram projetos que distribuíam absorventes e, feminista nenhuma abriu a boca, o que demonstra que a tal luta não é pelo povo e sim pela volta ao poder e retorno de privilégios e, o problema não é quem veta e sim qual o lado está, uma vez que, qua do o veto pariu de esquerdista, as mesmas feministas e toda a militância se calaram.

  3. Clara says:

    Nós tivemos uma presidente MULHER e de esquerda que vetou um projetos que distribuía absorventes e ficou por isso mesmo, não vi ninguém levantar bandeira nem criticá-la, vão procurar o que fazer.

  4. Roberta says:

    Dilma, vejam só, uma mulher presidente também não deixava as mulheres menstruarem pois vetou projeto semelhante, o que deixa claro que, o veto aos absorventes é só mais um pretexto da militância esquerdista para o prazer de odiar.

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