27 de julho de 2025

O Brasil à beira do precipício (Francisco Nery Júnior)

Por

Redação, sitepa4

Por Francisco Nery Júnior

Temos estado afundando. Há mais de dez anos temos escrito neste site, nesta coluna, que estamos em um grande Titanic. Como Jonas lá pra trás, temos bradado. Aliás, não seria necessário bradar. Os sinais estão à vista.

Vamos devagar. Assim iniciamos o texto numa construção em presente perfeito contínuo para dar o tom de advertência necessário. Vamos pensando e afastando a ideia de alarmismo. Muito menos a ideia de um iluminismo profético. Está escancaradamente claro. O fogo está no subsolo e a tendência [natural] é subir. O Brasil está quebrado. Como os malabaristas em um circo, a equipe econômica do governo pouco fez além de tentar evitar o pior, ou o desastre, que já aconteceu, por exemplo, na Argentina.

Confira o leitor a declaração do relator da Lei do Orçamento, senador pelo Piauí Marcelo Castro. Segundo ele, toda a arrecadação prevista para 2023 deverá ser destinada para as despesas de custeio, do serviço da dívida e das populares bolsas; de todos os tipos bolsas e auxílios.

Pasme ainda o leitor: o que sobrar, também segundo o senador, uns poucos bilhões irrisórios, corresponderá a um terço, a terça parte, leitor, do que a estatal Petrobras terá para investimentos. É isso mesmo. É isso que o leitor está lendo. O que restará para investimento, fundamental em uma economia que precisa crescer, corresponderá, carece repetir e frisar; corresponderá a uma terça parte do que uma única estatal terá para os seus próprios investimentos.

Ano passado, crescimento do PIB (produto interno bruto) em torno de 4%. Este ano, crescimento em volta de 3%. Previsão de 6% par 2023. Crescimento significativo anulado pelo crescimento da dívida interna; para nenhum proveito como dizem os americanos.

Verifique, mais uma vez, que a nossa dívida interna não passava de cem bilhões de reais no final do século vinte, isto é, há menos de trinta anos. Não vamos perder tempo para lembrar ao leitor quais governos tivemos de lá para cá. De oitenta bilhões para trilhões de reais, uma dívida que mina e suga todo o nosso esforço, o esforço dos brasileiros que suam e trabalham.

Se alguém limitado e simples do interior do Nordeste viu e desconfiou, previu e delatou o desastre, não teriam assim visto os luminares da economia o caminho para o precipício líquido e certo?

A conclusão é inevitável: irresponsabilidade, prevaricação e crime em relação ao Brasil que só ensejam e merecem o nosso nojo e a nossa repulsa.

Palavras duras, leitor que temos como certo leitor responsável e patriota? Claro que não. Apenas um lamento, o possível para o momento em que a turma, embevecida e grogue, encantada e afoita, marcha para o desastre certo. A menos que a definição de desastre tenha mudado nos nossos dicionários.

O senador Marcelo desabafou dizendo algo semelhante a “É um absurdo”, “Dá pra entender?”, “Pode ser um negócio desse?”, “Olhe onde nós chegamos!”.

Trabalhar, poupar e investir. Não se inventou nada melhor. Estamos avidamente esperando que surja algo melhor que o capitalismo – responsável e regulamentado pelo estado – para nos convertermos, o que significa fazer uma conversão, uma mudança de rumo.

É o que o cidadão procura fazer quando almeja crescer e se desenvolver: ele trabalha, poupa e investe. Então o seu padrão de vida melhora e, importante, ele paga impostos que, estes sim, financiarão a tão propalada igualdade ou justiça social. O resto, de resto, se apropriam os espertalhões do farinha pouca meu pirão primeiro ou faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.

Tirar de quem tem para dar aos pobres. Já se tira e já se dá. Já se faz isso. Da compra de um carro zero, cerca de 40% (quarenta por cento) do total vão alimentar os cofres do governo. De cada venda de um carro popular de mais ou menos setenta mil reais, vinte e oito mil reais vão ser abocanhados pelo governo. O imposto de renda, para quem supostamente ganha bem, suga uma boa parte dos vencimentos. Os artigos de luxo são super taxados. Imposto de transmissão e de herança recaem sobre os mais abastados.

Não há protesto no que acabamos de escrever. Apenas uma constatação que alguma justiça social já é praticada. Uma compra de um imóvel de cerca de duzentos mil reais arranca do bolso do adquirente, em todas as despesas previstas, adicionalmente, cerca de dez por cento do valor. Numa compra de duzentos mil reais, saem do seu bolso, para a economia, pode-se assim grafar, cerca de vinte mil reais.

Como todo cidadão que deseja crescer e progredir, trabalhar, poupar e investir evitando o endividamento irresponsável. Não há outro caminho para o Brasil senão reduzir despesas, apertar o cinto, em espírito de isonomia social, e investir. Se outro caminho para o crescimento, desenvolvimento e felicidade, o espaço está aberto para a recepção.

P.S. Procuramos editar este texto o mínimo possível no intuito de manter a espontaneidade em uma conversa franca e respeitosa com os nossos leitores.

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