PAULO AFONSO – Para começar a conversa, preciso lançar mão de uma metáfora machista que embalou a imprensa na metade do governo Collor (1990-92), parafraseando ele, só enfrenta a família “Deus” quem nasce com aquilo roxo. Acrescento: bem roxo mesmo.
Não se pode esperar que, um empresário do tamanho do médico Juliano Medeiros (Republicanos) vá encarar temas espinhosos contra o prefeito licenciado Luiz de Deus (PSD) e/ou pormenorize, seja detalhista ao apontar os erros da gestão a que ele se propõe como alternativa. Juliano, lançou-se pré-candidato a prefeito apoiado em generalizações, numa tentativa óbvia de se blindar de futuros e, porque não dizer, imediatos, problemas com o gestor de turno – seja ele Marcondes ou Luiz.
Durante duas horas de conversa na rádio Angiquinho FM (assista aquiI), levado às cordas por Martorelli, Ozildo e também pelo público, foi um boxeador habilidoso em se esquivar das cascas de bananas plantadas pelos entrevistadores e, vale observar, terminou a entrevista no centro do ringue, apresentando-se como a “novíssima” oposição. Aquela que não bate, mas propõe. Saindo das linhas gerais, Juliano foi obrigado a responder sobre sua predileção e opção por Bolsonaro:
“Eu não tenho, nem nunca tive político de estimação. Eu defendo a família, sou contra a pedofilia, contra a legalização das drogas; eu sou contra a legalização do aborto, enfim, naquele momento havia uma identificação com o candidato [presidente Bolsonaro] assim como em todas as eleições você vai ter que escolher alguém”, disse.
Juliano negou qualquer participação nas manifestações antidemocráticas e, afirmou que, uma vez que Lula foi o escolhido, ele respeitou a decisão do povo. “Eu me arrumei e fui trabalhar, porque tenho boletos para pagar.”
Os apresentadores insistiram no tema, mas Juliano se esquivou muito bem e se repetiu nas mesmas respostas.
Para não dizer que não falei das flores
É preciso registrar que, forçadamente, Juliano fez duras críticas à prefeitura, sobre o imbróglio com os músicos, havido no começo do ano, que terminou com a Justiça inviabilizando o trabalho desses artistas em bares da cidade. O problema foi contratado e Juliano tomado como o responsável.
“Eu não tenho nenhuma responsabilidade sobre decisão que um juiz toma. Nem conheço Dr. Pantoja; na hora que o poder público se exime da responsabilidade de fiscalizar vai haver o caos – e foi o que aconteceu naquele momento. Então a partir de uma não fiscalização, de um ambiente em desordem, porque havia conflito, o MP entra com uma ação, o juiz vai lá, defere uma sentença – desfavorável naquela situação, impactou a vida dos músicos -, aí a prefeitura vai lá e faz o quê?, posa de mocinho, só que ela é a vilã porque não fiscalizou.”
Eu pergunto: onde estavam?, prossegue Juliano: “Eu nunca foi contra músico, ao contrário, eu sempre investi […] uma das velhas estratégias da política é: descontrua a imagem da pessoa, não tinham o que falar de mim, criaram fatos; o poder público pega as vítimas da situação e vai manobrar.”
Juliano, me fez lembrar o clássico de Dolores Duran: “Se eu soubesse/, naquele dia o que sei agora/, eu não seria essa mulher que chora/, eu não teria, perdido você…”
Resumiu tudo afirmando que se arrependeu em ter dado encaminhamento a ação. “Se eu soubesse que iria acontecer isso, obviamente não teria encaminhado, eu queria que fosse fiscalizado e os direitos de todos os cidadãos respeitados.”
Esse é bolsonarista doente, não ta preocupado com os outros e sim com o bolso.